Powered By Blogger

terça-feira, 13 de março de 2012

Tem coisas que eu não sei dar nome, não...





Minha consciência ferida pela apatia frente aos acontecimentos que se passam quer gritar e me esbofetear pela minha total falta de atitude. Meu corpo, apático e inerte, não tem nem forças para esboçar qualquer reação. Sim, estou entregue ao desânimo e a falta de perspectivas... Meus ideais se esvaziaram... Ainda me resta fé, embora cada dia que passe a humanidade me pareça mais perdida.
 Vejo as pessoas ao meu redor vendendo-se pelas comodidades, supervalorizando inutilidades e desfazendo-se do que realmente é valioso. O dia em que todos estiverem no mesmo patamar, quero só ver que argumentos essas pessoas que se vendem a troco de nada darão... Antiguidade, fundamento, raiz... Hoje em dia já tem quem venda isso, e nem é por muito dinheiro, não. Quando se dá pérolas aos porcos, nada resta para se manter.
Ninguém busca sua própria essência, estão todos virando papagaios e micos adestrados de circo. Quando vão perceber que a beleza está na autenticidade, na diversidade e não nessa coisa artificial de querer tudo igual, padronizado, como linha de produção?!
Enquanto a maioria quer entrar nos batuques da vida, com toda pompa e circunstância dignas dos próprios reis africanos, imperial atravessada sobre o peito (afinal, comprou e pagou pelo título de Bàbá/Iyá da cocada preta – mas não sabe nem fazer um ecó), quantos desiludidos como eu estão lá limpando o chão, não para ver o desfile dos arrogantes que vivem a religião como evento social, mas sim esperando a iluminação dos Orisás, que tendo todo PODER e toda GLÓRIA vem dançar entre nós, descalços, e ainda atiram-se no chão em frente aos nossos pejis.
Tem alguma coisa muito errada aí ou será que a louca sou eu?!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Os 100 anos do "Quebra de Xangô"







Cem anos após um dos piores massacres contra religiões africanas, o governo de Alagoas pediu perdão aos representantes negros de terreiros destruídos em uma ação policial, que incluiu espancamentos a pais e mães de santo.

Em 1º de fevereiro de 1912, tropas policiais lideradas por Clodoaldo da Fonseca - primo do então presidente da República, o marechal Hermes da Fonseca -, integraram a Liga dos Republicanos Combatentes, destruíram e queimaram terreiros e espancaram pais e mães de santos no episódio conhecido como "Quebra de Xangô". O objetivo era derrubar o governador alagoano Euclides Malta, que estava há doze anos no poder.

Pais de santo foram acusados de bruxaria. E a oposição ao governo de Euclides Malta fazia uma ligação dele com os líderes afro - era uma forma de desestabilizar o governo, que acabou caindo meses depois.

"A violência foi tão grande que existe medo em se falar do assunto. Para se destruir um povo, basta acabar com a identidade cultural e perceber que, com os anos, as pessoas não se reconhecem nessa história", disse a professora Maria Alcina, uma das estudiosas das religões africanas no Estado.

"A sociedade alagoana ficou partida, chocada com este episódio. Hoje, em nome de todo o povo alagoano, vim aqui pedir perdão a todos os povos afro, de todas as matizes, por uma tragédia que até hoje deixou marcas na história de Alagoas e para que sirva de exemplo para que não tenhamos episódios como este no futuro", afirmou o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Na solenidade, religiosos se deitaram no chão, simulando o gesto dos pais e mães de santo na época: pisados e chutados pelas botinas da Liga Republicana.

O "Quebra de Xangô" está fora da maioria dos livros de história em Alagoas. E, em 100 anos, a violência continua. Alagoas lidera, no Brasil, os índices de homicídio e analfabetismo contra os negros, segundo o Ministério da Justiça. As chances de um negro morrer em Alagoas são maiores que em qualquer lugar do País.

A cientista social Ana Cláudia Laurindo diz que o perdão é um gesto simbólico, mas não são aplicadas mudanças nos números do passado e do presente.

"Alagoas é o Estado brasileiro que mantém um pelourinho simbólico para os negros em plena atividade, no tronco da miserabilidade, pagando com o derramamento de sangue pela ausência de políticas públicas. Se o governador apenas pedir perdão pelo quebra de 1912 e não efetivar políticas públicas pela preservação da vida dos nossos jovens negros, de nada adiantará o fato", disse.



domingo, 12 de fevereiro de 2012

Quando o filtro solar não é suficiente...



Um sábado lindo, sol, mar e queimaduras de 2ºgrau... Este foi o saldo do meu fim de semana na praia do cassino.

Faz exatamente uma semana que estou de molho, com dores e bolhas enormes em 70% do meu corpo, o que me impediu de atualizar antes o blog. E olha que não faltou filtro solar (fator 30 !!!), chapéu e guarda sol... É brabo ter a pele clara e ser uma branquela aguada.

Mas como viver é correr riscos, mesmo quando nos preparamos nos mínimos detalhes para que tudo saia perfeito, sempre temos que encarar de boa os imprevistos.

Tirando a dor, o desconforto e os remédios fortes, o fato de ser cuidada e paparicada por pessoas queridas me faz vez o lado bom da minha nefasta experiência.

Trouxe coisas lindas de lá, conchas, artesanatos, bijus e principalmente boas lembranças, das conversas animadas, das brincadeiras com os amigos e do deslumbramento do meu amor, que viu o mar pela primeira vez...

 Não pensem que me ressabiei... nem que seja de burca, vestida da cabeça aos pés não vejo a hora de rever o mar...

Boa semana ;)








quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Vamos festejar a Vida...

Hoje, 2 de fevereiro de 2012, é um dia significativo e especial para mim... Nesse ponto, quem ler estas linhas vai dizer: Já sei, é dia de Iemonjá.

Mas não, queridas pessoas, não é esse o motivo de minha alegria. Não sou simpatizante do sincretismo religioso, embora em tempos de perseguições ele tenha sido útil a meus antepassados para a manutenção de nossa religião. Mas definitivamente, Iyá mi Iemonjá não é nem nunca foi Maria, ou Nossa Senhora dos navegantes (para os católicos).

Claro que isso se aplica ao meu entendimento de batuqueira fundamentalista-xiíta revolucionária, respeito a todos os meus antigos, tradicionalistas que adotam o calendário sincrético. Inclusive no Ilê de meu pai, hoje à noite estaremos homenageando mamãe... Se eu me importo? Claro que não, todos os dias são dela e em todos Ela merece o carinho de seus filhos.

Mas voltando ao que eu dizia no começo, 2 de fevereiro é da data do meu renascimento, ou criando um neologismo, meu REANIVERSÁRIO (rsrsrsrs). O dia da chance vital, que todos nós temos em algum período tortuoso da vida, onde o desânimo e a dor se tornam insuportáveis a ponto de querermos desistir de tudo, inclusive da vida. Pois bem, este foi o meu dia D. 

Onde eu olhei pra mim, me reconheci e me aceitei com todos os meus defeitos e qualidades, revi minhas prioridades e me desapeguei de tudo que me fazia mal... Coisas, pessoas, hábitos. Me levantei, olhei ao redor para ver bem quem estava ao meu lado quando eu mais precisei, liguei o F***- SE para o restante que só me sugava, sacudi a poeira e fui SER FELIZ.

Hoje eu me divirto mais, sorrio mais, namoro mais, trabalho melhor e retomei as rédeas da minha vida... Como eu fiz isso? Parei de carregar fardos que não eram meus, de me importar e cuidar de quem não me valorizava. Parei de tentar agradar a todos, aprendi a dizer não, entre outras coisas.
Aprendi que eu sou importante, que tinha que me cuidar em primeiro lugar, e não se sobrasse tempo... Isso me traz tanta felicidade e orgulho de mim mesma que eu poderia escrever oceanos sobre isso. Mas não é meu interesse fazer desse cantinho um consultório de autoajuda, nem pregar moral ou bancar a boa.
Tenho problemas sim, contas a pagar, como todo mundo. A diferença é que eles agora são meus e não mais dos outros. A redenção veio do amor, do meu negrinho, dos meus amigos, da minha família religiosa e de outros lugares de onde eu menos esperava.

Meus deuses são Orisás, minha vida está entregue nas mãos de Iyá mi Iemonjá, que me mostrou os caminhos e despertou a força que sempre morou dentro de mim e que eu desconhecia.

Hoje, milhares de pessoas estão louvando a Yabá que me escolheu, nas praias, nos rios, nos terreiros... E nem que eu a presenteasse com as milhões de flores que ela receberá, eu conseguiria retribuir tudo o que ela faz, todos os dias por mim...


Por uma feliz coincidência, um monte de gente vai comemorar comigo e mamãe Iemonjá, o meu reaniversário...

Comemoremos, então... ;)

Mais essa agora...




“Nota da ANPUH: O STF não sabe o que é História
Segue abaixo manifestação da Associação Nacional de História (ANPUH) sobre a Resolução 474 do STF.
O Ministro Cezar Peluso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), promulgou, em 29 de novembro de 2011, a Resolução Nº 474 que "estabelece critérios para atribuição de relevância e de valor histórico aos processos e demais documentos do Supremo Tribunal Federal". O documento causa perplexidade aos historiadores e a todos aqueles que, minimamente, tem acompanhado o desenvolvimento da historiografia contemporânea, em especial por duas razões: por procurar estabelecer "por decreto" o que é ou não histórico e por apontar como subsídios para essa classificação critérios considerados ultrapassados há, pelo menos, um século.
Por esse motivo, a Associação Nacional de História (ANPUH), entidade que congrega os profissionais de história atuantes no ensino, na pesquisa e nas entidades ligadas ao patrimônio histórico-cultural, não poderia deixar de trazer ao público a sua inconformidade com a referida Resolução.
Apesar de seus precursores mais remotos (como os gregos Heródoto e Tucídides), o conhecimento histórico só se estabeleceu como disciplina autônoma e com pretensões científicas no século XIX, acompanhando o processo de surgimento e/ou consolidação dos Estados nacionais. Naquele momento era importante alicerçar em uma narrativa fidedigna, ancorada em provas documentais, a história desses Estados, comprovando sua existência ao longo do tempo e reforçando os laços de identidade entre seus habitantes, com base em uma presumida origem comum.
Não é à toa que, justamente nesse período, surgiram os Arquivos Nacionais, inclusive no Brasil, como forma de reunir e conservar os documentos oficiais que dissessem respeito à "biografia" das jovens nações. Muitos historiadores, por seu turno, voltavam sua atenção aos ditos "acontecimentos consagrados", aos "grandes personagens", aos "fatos marcantes" da história de seus países; acontecimentos, personagens e fatos esses, diga-se de passagem, em geral ligados às elites políticas, econômicas, culturais, militares e intelectuais a quem se atribuía o "fazer da História".
Ora, desde ao menos o final da década de 1920, tal visão do que é ou não histórico foi fortemente contestada pelas principais correntes contemporâneas da historiografia por seu caráter limitado e elitista. Desde então, se sabe que nenhum documento possui "relevância" ou "valor" histórico em si, mas somente a partir das perguntas que o historiador dirige ao passado.
Por exemplo: por muito tempo, não se deu valor às experiências das mulheres na história, ou apenas quando elas participavam de espaços tradicionalmente masculinos como a política e a guerra. Hoje uma das áreas mais desenvolvidas da historiografia brasileira e mundial é, justamente, a história das mulheres, que, para se desenvolver, precisou se utilizar de documentos antes considerados "não históricos" (talvez por envolver mulheres pouco famosas), como registros policiais e documentos judiciais referentes a, por exemplo, violência doméstica, guarda de crianças, brigas entre vizinhos, etc. Neste sentido, um exemplo entre muitos outros é o livro da consagrada historiadora Maria Odila Leite da Silva Dias "Quotidiano e poder no século XIX" cuja leitura indicamos aos ministros do STF, que apresenta as lutas femininas em São Paulo naquele período e as estratégias de sobrevivência de mulheres pobres, talvez "sem valor histórico" na visão desses magistrados, como lavadeiras, quitandeiras, escravas, forras, entre outras.
Enfim, no âmbito do conhecimento histórico contemporâneo, é realmente um equívoco legislar sobre que documentos são históricos ou não, pois, em primeiro lugar, a própria noção do que é histórico também é histórica, variando no tempo e em diferentes sociedades e, em segundo lugar, porque, potencialmente, todo vestígio do passado pode ser uma fonte histórica, dependendo do que queremos conhecer desse passado. O desconhecimento destas idéias pelo órgão superior de nosso Poder Judiciário é estarrecedor.
Também causa espanto a nomeação, pela Resolução, de quem pode atribuir relevância histórica aos documentos do Supremo e quais são os critérios para tal atribuição. Não se menciona nunca a participação de historiadores nesse processo; profissionais que, ao longo de sua formação, espera-se, tomam conhecimento dos debates teóricos e metodológicos antes esboçados. A "atribuição de relevância" caberia, segundo o documento, ao ministro-relator do processo, ao presidente do STF, ao diretor de Secretaria (quando se tratar de processo administrativo) e ao presidente da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos - CPAD (quando se tratar de processo arquivado e encaminhado à deliberação da Comissão), ou seja, profissionais que certamente são extremamente qualificados no métier jurídico, mas que também certamente não conhecem, nem têm obrigação de conhecer, as metodologias da pesquisa histórica e as discussões atuais da historiografia.
Não se quer, com isso, criar uma "reserva de autoridade" para os historiadores na atribuição de valor histórico aos documentos. Ao contrário, é saudável e democrático que tal atribuição seja fruto de múltiplos olhares e, no caso do Poder Judiciário, inclua a participação daqueles que o constituem, ou seja, magistrados e servidores. Porém, não se pode liminar essa tarefa a eles, desconsiderando o saber específico dos profissionais de História. Afinal, sem o olhar "treinado" do historiador, como será possível avaliar os processos "cujo assunto seja considerado de grande valor para a sociedade e para o STF", conforme quer a Recomendação? Se cabe aos magistrados determinarem o valor histórico de documentos, será que um dia os historiadores serão chamados a julgar nos tribunais?
Posteriormente afirma-se que a "Coordenadoria de Gestão Documental ou Memória Institucional - CDOC poderá encaminhar sugestão à CPAD para atribuição de relevância em processo enviado para arquivamento definitivo", mas não se informa que profissionais compõem essa comissão. Estarão historiadores entre eles? E mais, caso haja historiadores, eles terão alguma autonomia para fazer valer o seu saber específico ou terão apenas que respaldar, com base, talvez, no medo de perderem funções gratificadas, decisões tomadas por profissionais de outra área?
Sobre isso, diz-se no máximo que a CPDA "PODERÁ [grifo] convocar servidores e profissionais especializados [quais?] para auxiliar nos trabalhos de seleção dos processos e demais documentos de potencial histórico". Que grande concessão! Talvez assim os historiadores possam ser ouvidos! Mas certamente de forma tímida, pois a eles cabe, no máximo, auxiliar quando os doutos magistrados não tiverem certeza se determinado documento é ou não histórico.
Quando a Recomendação lista critérios para determinar documentos "de potencial histórico", a desatualização de quem a elaborou torna-se ainda mais flagrante. Fala-se então de acontecimentos, fatos e situações que tiveram "grande repercussão nos meios de comunicação", como se os fatos com pouca repercussão não possam se revelar, no futuro, extremamente importantes historicamente; e em documentos referentes "à nomeação, posse, exercício e atuação dos ministros do STF" e "personalidades de renome nacional e internacional", numa volta espetacular ao século XIX e sua idealização dos "grandes personagens", evidenciando, mais uma vez, o desconhecimento das transformações vividas pela historiografia. Depois, são invocados como "relevantes" os documentos referentes à história institucional do Tribunal, relacionados à sua "modernização e reforma na estrutura orgânica", ao seu "planejamento estratégico", as "suas atividades anuais", aos "acordos, tratados, convênios, programas e projetos com pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras de relevância para o Poder Judiciário" e aos seus "atos normativos". Ora, será que ao STF só cabe conservar os documentos referentes à sua própria história, desconsiderando que neles estão contidos dados relevantes para a história da sociedade brasileira como um todo? Mais uma vez, a Justiça isola-se e, em um exercício narcísico, parece se considerar importante por si mesma.
Por fim, listam-se como potencialmente relevantes documentos relacionados a "revoluções, rebeliões e demais movimento sociais no Brasil e no exterior" e a "problemas fronteiriços entre os Estados da Federação". Nenhuma objeção do ponto de vista histórico desde que se considere que tais movimentos e problemas não esgotam a história brasileira, que muitos "pequenos movimentos" e "pequenos problemas", muitas vezes quotidianos e envolvendo pessoas comuns, fizeram e fazem a nossa sociedade, determinaram e determinam quem somos e quem podemos ser.
Ao final, poder-se-ia perguntar: então todos os documentos produzidos por uma sociedade e por uma instituição como o STF devem ser permanentemente arquivados? Certamente que não, pois guardar tudo não significa permitir um conhecimento completo da história. Além disso, deve-se levar em conta o investimento de recursos materiais e humanos necessário a esse arquivamento. Porém, não é determinando por decreto o que é ou não um documento histórico, sobretudo a partir de critérios reconhecidamente ultrapassados, que se faz essa seleção. Tal processo deve ser encaminhado por comissões multidisciplinares, formadas por profissionais competentes e com um mínimo de independência, das quais participem com voz ativa historiadores com experiência na pesquisa histórica e conhecimento dos debates historiográficos contemporâneos.
Essas comissões devem implementar mecanismos de gestão documental orgânicos e sistemáticos que levem em conta especialmente a importância do patrimônio documental, do direito à história e à memória, componentes fundamentais da cidadania, e não a disponibilidade de recursos. Esses, no caso do Poder Judiciário, que muitas vezes desloca somas vultuosas à construção de prédios suntuosos, certamente não vão faltar, se a escala de prioridades orçamentárias sofrer modificações. Será que não vale a pena investir mais em arquivos capazes de prover as informações históricas necessárias aos pesquisadores e a sociedade em geral do que em gabinetes luxuosos?
Com base nessas considerações, rogamos ao STF que revogue a Resolução Nº 474, pelo bem da memória nacional, da pesquisa histórica, da cidadania, e, por que não, da imagem já tão desgastada de nosso Judiciário.
Diretoria da ANPUH - Associação Nacional de História
Gestão 2011-2013 “


Acredito que nem cabe algum comentário, já que a nota da ANPUH expressa bem a o quanto essa proposição é indigna. Tudo que o homem produz é fonte relevante para a história. Resta saber que tipo de recorte o judiciário quer que seja abordado, sob a ótica de quem a história do nosso país será contada daqui em diante, já que descaradamente quer reduzir o conhecimento histórico a temas que o seu crivo considerou importantes. É complicado, viu...


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Sábias palavras...





“O sagrado não tem cor, não tem condição física, nem instrução nem nada disso. O ser humano é livre para acreditar no que quiser. Não tem necessidade de todo negro ser de Candomblé. Na realidade o negro tomou conhecimento do Candomblé por causa das suas raízes, a África. Mas na África há pessoas que não são negras. Agora, cabe à gente desmanchar isso, nem destratar os brancos, nem puxar o saco porque é branco. Todos são seres humanos, todos têm o direito de ser bem-tratados, todos têm o dever de tratar bem os outros. Cada religião tem a sua hierarquia. Cada religião tem sua liturgia, tem seus dogmas, de acordo com a tradição de cada país, de cada local. Essa criação do mundo se dá de uma maneira: o grego viu de uma maneira, o africano de outra, o americano de outra... Ninguém é dono da verdade. Dono da verdade é quem estiver certo pra si e fazer tudo pra não prejudicar o irmão.”

Mãe Stella de Oxóssi

Ilê Axé Opô Afonjá

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Bodas de Pérola





Senti-me especialmente motivada a escrever hoje, porque pra mim hoje é um dia especial... Se meus pais ainda habitassem o Àiyé, estariam comemorando trinta anos de casados. Uma coisa que quase não se vê, nos dias de hoje, por que as relações amorosas se tornaram tão descartáveis.

Claro que os tempos são outros, as prioridades também mudaram, mas acho que o amor ainda permanece na moda. Todos querem um amor pra vida inteira, como no tempo de nossas avós. A diferença é que queremos um “amor” que se adapte às nossas necessidades, gostos... E na minha opinião, estamos cada vez mais egoístas e individualistas, e para criaturas assim, ceder é muito complicado.


Esses dias eu li no blog de alguém que o casamento é “CD duplo”, ou seja, tem que ceder de ambos os lados. Equilibrar os desejos do casal, descartar algumas coisas em prol de outras. Acho que essa é a receita para o sucesso de um relacionamento.

Respeito, cumplicidade, parceria são imprescindíveis. “Amar os defeitos e suportar as qualidades”, era o que minha mãe dizia... Muito jogo de cintura da parte dela, já que ela não se conformava com o fato do meu pai cozinhar melhor que ela (rsrsrsrs), entre outras coisas.

Bom, eu sou suspeita para falar, já que eu sou um dos resultados dessa união, mas acho que eles foram muito felizes. Lutaram juntos durante nove anos, até que o Pai Ogum chamou meu pai para o Orun. Minha mãe não quis refazer sua vida com mais ninguém, nem eu a censuraria por isso, mas eu acredito que eles realmente eram almas gêmeas, duas pessoas que se complementavam, pois eram o oposto um do outro. Ela ficou, terminou o seu trabalho (criar meu irmão e eu, nos encaminhar na vida...) e dez anos depois, foi a vez da Mãe Obá recolher a sua filha mais bonita para junto de si.

Assim são feitas as histórias de amor da vida real, encontros e desencontros, rupturas e continuidades... são costuradas com tênues fios de momentos felizes, mas no final sempre arrematadas com um nó “cego” de puro amor e carinho (que nem a vida ou a morte conseguem separar).


;)