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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Cada um dá o que tem... Mas nem todos são capazes de dar aquilo que é realmente importante






Quando eu era pequena, queria ser freira. Nem sabia o que elas faziam, mas o hábito e aquele perene semblante de paz delas me faziam pensar que não tinha nada melhor no mundo. Uma roupa bonita (?!) e um sorriso no rosto, para uma criança de quatro anos significava o modelo de felicidade. Meu pai me convenceu do contrário dizendo que se eu fosse freira não poderia ir mais em festa de Cosme, nem casar com o Jairzinho (do balão mágico).

Depois, aos seis anos, ganhei de natal do tio Catarino, padrinho de minha mãe, um quadro negro daqueles com giz e apagador que tem o alfabeto e os números pintados, pra eu ir “me acostumando com a escola”, segundo ele. Foi aí que eu decidi ser professora. Abandonei as brincadeiras de “fazer comidinha” (e os meus brigadeiros de terra com chocolate granulado, que uma amiguinha minha comeu pensando que era de verdade) para me tornar docente de minhas bonecas que, enfileiradas, passaram a ser minhas alunas.

No natal seguinte, eu já sabia os rudimentos da leitura e o tio Catarino me deu livros de presente: um era a “Bíblia da Criança”, um livro ilustrado de capa vermelha e o outro era do Lair Ribeiro, “Quem não se comunica se trumbica”, numa versão infantil. Detalhe, ele era um senhor que tinha pouco estudo formal, mas um homem sábio que lia jornal todo dia e entendia até de política externa.

Desde lá tudo que passar pelas minhas mãos, desde bula de remédio até Almanaque do Sadol (puxa, estou ficando velha!!!) eu leio. Se tornou um vício e um prazer pra mim a companhia dos livros.

Com nove anos eu subia num banco alto para pegar, em cima do guarda-roupa dos meus pais, a trilogia do Érico Veríssimo, “O tempo e vento”, que a minha mãe escondeu de mim por considerar uma leitura muito adulta e digamos picante, para uma pirralha como eu...

Nunca gostei de livros bobinhos, romances melosos ou com muita ilustração, mas sim dos livros densos, aqueles que te fazem ler três vezes a mesma página pra entender, ou aqueles literários que deixam um certo suspense no ar, que a gente só pára quando termina.

Depois quando fiz meu primeiro vestibular (que fiz meio de brincadeira) e passei no curso de Matemática, tudo que eu pegava na biblioteca da UFSM não tinha nada a ver com o meu curso, que acabei largando quando me encontrei na História.

Todo esse enredo aí de cima, é só pra mostrar como um pequeno ato pode influenciar a vida de uma pessoa, de forma a moldar sua existência. Às vezes de forma tão positiva que abre portas que ninguém é capaz de fechar, uma expansão de consciência que, sem este ato simples, talvez eu nunca experimentasse na vida. Sabe, uma boneca ia me entreter, mas não exercitar minha compreensão de mundo.

O bom exemplo constrói, eleva, transforma. O ato impensado, a palavra ríspida, o pouco caso, aniquila. Quantos dons foram podados por um comentário maldoso? Quantas potencialidades ficaram latentes e adormecidas pela negligência das pessoas, que trocam o correto pelo “mais cômodo”.

Eu não tenho filhos, mas tenho o Pedro, meu sobrinho de três anos. Este ano ele ganhou um passarinho de natal, com a condição de que ele seria o responsável por ele. Acho que no próximo natal ele vai ganhar um quadro, ao invés do boneco do homem aranha...



Comprometimento com o futuro, PASSE ADIANTE ;)  ...









2 comentários:

Flávia disse...

lindo demais. também me encontrei na história, depois de desistir do Direito( vi que me faria ser uma pessoa melhor, aprender e ensinar sobre os homens e sua história e não destrui-la ou denegrila.quanto aos livros também os amo , me lembro que os primeiros eu tinha cerca de seis ou sete anos, eram livrinhos do meu pai falavam sobre os caubóis norte americanos(TEX)dai por diante... (finalmente aprendi a postar comentários rsrsrsrs)

Fabiula Ayobami Martins disse...

rsrsrsrs
Flávia é tão bom abrir no blog e ver um comentário... Ainda mais seu. Bjs, Querida...