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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O que espero de 2012...





Cada final de ano traz a euforia do recomeço... Expectativas de mudança, melhora da vida. Acendem-se as esperanças de novos projetos, acalentam-se os antigos sonhos.

O fim do ano traz o peso e o sufoco das decepções e perdas ocorridas durante 12 meses. Dias de muita luta, trabalho, perrengues... Mas também de momentos felizes, marcantes e inesquecíveis de nossa vida.

Este ano eu renasci e morri muitas vezes... Tive muitas conquistas, mas também perdi pessoas que amava (e ainda amo). Curei meu corpo e minha alma da doença que me corroia as idéias e os planos que eu fiz. Atravessei tempestades e graças a Yemonja estou aqui, inteira... pra mim e para os meus, por que aprendi que a minha mão é pra todos, mas o meu coração é somente daqueles que merecem.

2011 serviu para que eu fortalecesse as minhas estruturas, acalmasse o meu coração para todas as Rèrè (coisas boas) que me esperam no ano novo, se eu perseguir obstinadamente tudo aquilo a que me propus.

Que no Ano Novo cada um tenha a chance que merece para alcançar sua felicidade... Alguns com pedras no sapato, outros com imensas rochas para contornar, mas que todos nós possamos contar não só com a sorte, ou com o próprio esforço e sim com a força divina que carregamos dentro de nós.

Que realmente acreditemos em nossos sonhos e em sua possibilidade de realização, que não haja ilusão ou sofrimento que nos desvie de nossos ideais. Que tenhamos paz para viver nossa vida, para amar nossos queridos como eles merecem...

No ano do Pai Oòsàlá eu quero minha casa cheia de amigos leais, de flores, de clareza... Quero a confiança cega de Orunmilá, senhor do destino dos homens e sua capacidade de interpretar os meandros da vida... Quero a força, a criatividade, a juventude e a garra de Obokum, Bàbá mi e dono da minha vida junto com Iyá mi Yemonja.

Que todos os Orisás nos abençoem sempre...

Feliz Ano Novo!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O que significa ser Babalorixá?




Ser Babalorixá ou Iyalorixá denota, em primeiro lugar, ter conhecimento e autoridade legítima de condução dos ritos sagrados da religião africanista. Mas também requer um amplo conhecimento de si mesmo, um olhar equilibrado diante das coisas da vida... Ter autocontrole, entender que nada em nossa existência material é eterno... Aprender a lidar com a ingratidão das pessoas que só vêem a nossa fé como oportunidade de buscar benefícios para si, sem se entregar de verdade aquilo que nos dá tudo, que são nossos orixás.

Abraçar este caminho é consagrar-se a ser Pai ou Mãe, não dos Orixás, mas de um monte de gente diferente, que mesmo não tendo seu sangue ou sobrenome, você vai amar como sendo um pedaço seu... Muitos vão o decepcionar, outros vão te trair e alguns vão somente te usar até alcançar aquilo que vieram buscar dentro da religião... Mas sempre existirão aqueles, que vão te surpreender, e que no momento em que estiveres prestes a desistir, já calejado com tantas pedradas, vão retribuir o amor que dás de verdade a todos, mas que só alguns conseguem compreender.

Ser Pai ou Mãe é ensinar o caminho, é conduzir para a independência. É dar a liberdade para que aqueles que desejarem partir o façam, se aventurem ao mundo... Mas Pai ou Mãe de verdade deixa sempre uma fresta na porta, para que seus filhos, mesmo após tropeços, possam voltar pra casa e recomeçar... Isso é ser Babalorixá e não vendedor de Axé, comerciante do sagrado.

Pra mim, filho que fala mal do Pai é errado, mas Pai que fala do filho é imperdoável... Dos jovens até é compreensível a imaturidade, mas dos Pais, isso me soa como falta de caráter. Nesses tempos de internet, me dói ver Babalorixás e Iyalorixás, difamando e ameaçando seus filhos, ex-filhos (será mesmo que isso existe?! Achei que vínculo de Pai e filho fosse eterno, por que o rompimento não apaga uma existência)... Tão triste essa atitude, problemas domésticos devem ser resolvidos de forma privada...

Ser Pai e mãe é dar exemplo, e o que esses ditos Babás e Iyás esperavam de seus filhos, se sua própria conduta é nefasta? Lobo não cria cordeiro, nem vice-versa...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011



De longe observo o mar revolto,

Mas não tenho medo ou receio...

Não é a calmaria que modifica a paisagem,

Mas o constante vai e vem das ondas...

Que levam a areia debaixo de meus pés,

Obrigando-me a reforçar minha base.

Tira-me desse falso equilíbrio,

Desestabiliza minha estrutura...

Que eu me fortaleço e retorno

Cada vez mais forte,

Com meus passos cada vez

Mais firmes...

O sal dessas águas,

Ao mesmo tempo em que me ardem a pele

Cicatrizam minhas feridas...

Do corpo, da alma, da vida...

Eu sou filha do mar... Iyá mi Yemonja...

Não há tempestade que me pegue desprevenida.



terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Onde buscar a felicidade... Antes que seja tarde demais






A perda é um sentimento que a humanidade não aprendeu administrar... E isso se aplica a qualquer coisa, seja um objeto, um emprego ou até mesmo, nas circunstâncias mais graves, um amor, uma amizade e o destino final de todos os viventes, a morte.

Nosso “sistema” não aceita perder, o comando do “apego” está instalado em nosso DNA. Desde a mais tenra idade vamos colecionando “itens” que passam a ser nossa propriedade, a Mãe, a chupeta, o brinquedo preferido... E só vamos acumulando... o melhor amigo, o marido, a condição social...

Pensamos ter tudo isso sob o nosso controle, até que o destino ou os desígnios divinos (dependendo do ponto de vista de cada um) nos mostra que na verdade essa sensação aparente de controle é falsa.

De uma hora para outra o vento muda de direção e nossa nau toma rumos imprevistos. E me perdoem os discordantes, mas nós, seres humanos, somos péssimos em lidar com o inesperado. Em geral encaramos tais fatos mais com desespero e frustração, do que como oportunidade de crescimento, como se a vida fosse uma linha linear e fluída, quando na verdade sabemos que a qualquer instante podemos ser surpreendidos por uma ruptura capaz de destruir todos os planos que estavam sendo executados até aquele momento.

As pessoas depositam suas esperanças de felicidade em planos que nunca se cumprirão, ou que se tornam insignificantes quando concretizados. Coisas do tipo “serei feliz quando for rico, quando tiver tal emprego ou tal pessoa”... E assim a tão sonhada felicidade nunca chega, a vida passa ou um acidente de percurso (muitas vezes previsível) acaba pondo fim a uma existência vazia para aquele que a viveu, embora tenha sido significativa a muitas pessoas a sua volta...

Por isso, meus amigos (mesmo que sejam poucos os que lêem os desatinos que teimo em escrever) não adiem sua felicidade para quando você tiver aquele carro do ano, nem troque sua paz de espírito pelo dinheiro, na ânsia de acumular coisas que talvez você nem tenha tempo de usufruir depois... Não traia a você mesmo, a sua fé e suas convicções em troca da miragem de um oásis onde você nunca vai pisar, porque tudo isso não passa de ilusão.

Pode parecer filosofia barata, mas algumas circunstâncias da vida me levam a crer que vale mais a máxima “viva cada instante como se fosse o último”, se dando de verdade para tudo o que fizer, do que ser mais um daqueles que nadam sem saber pra onde vão, num esforço inútil que os faz morrerem na praia, exauridos e infelizes.